Nil e a atriz


Nestes três anos de trabalho eu já tive muitas experiências e vivi situações de todos os tipos. O que vou contar hoje aconteceu na véspera do natal de 2008. Mal acordei e recebi uma ligação marcando um programa. Fiquei paralisado quando a mulher se identificou. Era uma atriz muito bonita e famosa. Não acreditei, pensei ser um trote. Mas não era. Vou chamá-la de A.P.A. para preservar sua identidade. Aquela voz macia fez meu coração acelerar. Queria passar o dia inteiro comigo, a começar pelo café da manhã. Nunca me arrumei tão rápido. Parecia um adolescente em seu primeiro encontro. Vesti o que eu tinha de melhor na época. Antes, porém, borrifei meu corpo com um perfume importado que eu gosto muito e as mulheres sempre apreciam.
Eufórico, fui ao encontro da minha deusa, já imaginando os amassos e o dia espetacular ao lado dela, o sonho de muitos brasileiros e eu ali, além de muito prazer iria ganhar uma boa grana, claro. Não era pra estar empolgado?
Quando me deparei com aquele monumento senti um calafrio percorrer todas as veias e vasinhos sanguíneos do meu corpo. A minha voz eu engoli junto com a saliva. Ela me lançou um olhar “examinativo”, daqueles que te despe e vê até a sua aura, sabe? “Veio para uma festa de formatura, meu bem?” Fiquei desconcertado ante o olhar e a pergunta sarcástica. Olhei para minhas roupas e por um momento me senti ridículo, mas logo me veio uma resposta: “Vim sim para uma festa de formatura, mas vejo que os formandos já foram embora, ficando apenas essa escultura viva à minha frente.” (Não podia ter dado uma resposta pior). Ela sorriu ao ouvir essa fala horrorosa e me tomou pela mão. “Gostei do seu cheiro e da sua resposta também. Então agora venha descobrir os segredos dessa escultura sedenta de prazer”
Mal terminou de falar e começou a me acariciar e beijar loucamente. Parecia ter mais que duas mãos, pois passeavam pelo corpo numa ligeireza, que ora estava no pescoço, nas costas, nas coxas, no bumbum... Foi me despindo numa voracidade que eu nunca vi igual, pensei que estava em um filme pornô. Achei que estava sonhando, mas era real. Eu estava diante da musa dos meus sonhos, mas...
Não sei se devo contar... Espero que não riam de mim. Eu estava diante de um vulcão e me sentia um iceberg. Diante de um trovão e me sentia uma brisa leve... A única coisa que enrijeceu em mim foi meu rosto. Parecia congelado. Tentei entrar no clima antes que ela terminasse de me despir, mas não foi possível. De tão nervoso comecei a suar. Fiquei inerte como uma verdadeira estátua. Ela ficou em pé diante de mim, segurou no meu queixo e perguntou: “Assustei você, neném?” Eu me afastei e sentei no sofá, não disse nada. Ia dizer o que? Isso nunca me aconteceu antes? Fiquei mal, envergonhado. Coloquei a cabeça entre os joelhos e olhei para os meus órgãos genitais. Tive vontade de esfolar o coitado, de dar nele uma surra bem dada. Outra oportunidade talvez eu não teria com aquela mulher. E o dinheiro? Ela iria pagar para sair com um broxa?
 Ela sentou-se ao meu lado e disse para eu não me preocupar. Lembrei de uma frase que meu amigo Frank dizia: “Na cama não existe mulher bonita nem feia, existe mulher e isso basta!” Acho que ele tem razão, pensei. O que A.P.A tem de diferente das outras mulheres? Ela é apenas uma atriz famosa, mas o conjunto da obra corporal (caramba!) é o mesmo das outras, curvas a mais ou a menos, celulites ou não... Comecei a reagir. Olhei pra ela com a cara mais sem vergonha do mundo e a vi como uma qualquer. Esqueci quem ela era. Lembrei a mim mesmo que sou homem e que tenho muitos atributos que as mulheres adoram. Subi num pedestal que eu mesmo coloquei ali na minha frente. Quem é essa pra me inibir a ponto de me expor ao ridículo? Funcionou.
O dia correu normal daí pra frente. Café, sexo, almoço, piscina, sexo... Dinheiro no bolso. Voltei pra casa feliz e realizado. 

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