Leonardo e
Fabiano eram vizinhos, cresceram juntos, brincaram na rua com os colegas do
bairro. Eram muito queridos pelos moradores, pois sempre foram muito educados e
respeitadores. Quando crianças fizeram estripulias, como a maioria faz.
Roubaram goiabas no quintal do Sr. Adamastor, um viúvo ranzinza que morava num
casarão no final da Rua Um. Mas o tempo passou e os dois tomaram destinos
diferentes. Leonardo se casou com Priscila e foi morar na Europa. Fabiano
tornou-se missionário e foi parar na África.
Nunca deixaram
de se comunicar, ou por e-mail ou por cartas, algumas vezes por telefone.
Fabiano estava no Congo, um país devastado pela guerra, e lá na região onde
morava a comunicação era meio difícil. De vez em quando ia até a cidade mais
próxima onde tinha mais recursos e então conseguia se comunicar, mas isso era
de quinze em quinze dias ou até mais.
Leonardo
estranhou não receber nenhuma mensagem de Fabiano no dia do seu aniversário.
Ficou preocupado. Sabia que alguma coisa tinha acontecido. Sua esposa tentou de
todas as formas remover seus pensamentos, mas ele continuava convicto de que
algo teria acontecido, pois seu amigo lhe era fiel. Decidiu partir até a
África, mesmo contrariando a vontade de sua amada Priscila, que fez de tudo
para dissuadi-lo da idéia. Temia que algo lhe acontecesse naquele lugar.
No outro dia,
com o coração apertado Leonardo entrou no avião e partiu ao encontro do amigo.
Não podia ficar com aquela dúvida. Fabiano nunca se esquecera de seu
aniversário, sempre mandava algum recado. Ao chegar a seu destino, sentiu um
calafrio. Seguiu em direção ao vilarejo onde morava seu amigo. Foi informado de
que ele estava no hospital da cidade vizinha. Estava muito mal. Era a
informação que lhe deram. Aflito seguiu até o hospital. Entrou correndo pelos
corredores. Não queria que o pior tivesse acontecido. Sua cabeça estava povoada
de pensamentos ruins, daqueles que nos cercam nestas horas de ansiedade. Não
podia acreditar que não ouviria mais a voz de Fabiano. Pedia a Deus uma chance,
um tempo pelo menos para falar oi.
Abriu a porta
do quarto. Fabiano estava pálido, olhos cerrados, inerte numa daquelas camas
frias. Leonardo não se conteve, chorou amargamente, olhando-o de longe. Sentiu
um remorso, uma dor na alma. Seu amigo naquela situação de abandono, em meio a
vários outros doentes. Conteve os soluços e se aproximou dele. Tocou levemente
as mãos de Fabiano, que com muita dificuldade pronunciou as seguintes palavras:
“Feliz Aniversário, amigo fiel!” Logo em seguiu abriu os olhos e esboçou um
sorriso para Leonardo, que suavemente encurvou-se para abraçá-lo. “Eu vou levar
você daqui” – disse. Fabiano apertou sua mão e mais uma vez balbuciou:
“Obrigado. Eu esperei por você o tempo todo. Sabia que não falharia comigo”.
Leonardo
voltou pra casa feliz por ter tido a chance de demonstrar o quanto o amava.
Nada pode fazer para reverter a situação, mas pode expressar com seu gesto o
que seu amigo esperava: fidelidade, lealdade.
2 comentários:
Valores reais no mundo atual, são tão esquecidos.
Uma amizade sincera e leal, é a experimentação do amor na forma mais acolhedora.
Parabéns Juarez pela sua sensibilidade!
Fico feliz em seguir um ser humano tão especial!
Abraços!
Ines
Como já disse o grande Michael W. Smith: Amigos são amigos quando o Senhor é senhor deles!
Obrigado por esse texto fantástico!
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