- Tudo bem Alicia?
-
Tudo.
-
Você está linda! Seus cabelos estão brilhantes, seus olhos fumegantes...
-
Olhos fumegantes? Essa é boa...
-
Verdade. Você está radiante, um sorriso lindo, intenso...
-
Eu estou num local de trabalho Luís Carlos...
-
Eu sei, mas a verdade tem que ser dita em qualquer lugar, você não acha?
-
Nem sempre.
-
Não gostou do que eu disse?
-
Veio comprar algum remédio, cosmético, sei lá...?
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Não.
-
Eu não posso ficar aqui batendo papo com você...
-
Por que está me tratando assim? Não gosta de elogios?
-
Você está sendo inconveniente...
-
Inconveniente? Eu vim aqui pra lhe falar algo, fazer um favor e sou
inconveniente?
-
Favor? Falar o quê? Até agora você só me teceu elogios, não disse coisa com
coisa...
-
É que estou tentando encontrar a maneira certa pra lhe dizer.
-
Dizer o que criatura? Já está todo mundo olhando. Daqui a pouco meu patrão me
chama a atenção.
-
Desculpa. Eu não queria causar transtorno. Só queria lhe dar um pouco de
alegria, descontrair você...
-
Já descontraiu. Agora pode ir e nem me precisa dizer mais nada.
-
Eu não posso voltar sem lhe falar o que está preso aqui na minha garganta...
-
Então fale!
-
Você está me deixando nervoso. Não sei por onde começar...
-
Está apaixonado por mim?
-
Também. Quer dizer, não é nada disso. Você está me deixando maluco.
-
Luís Carlos faça-me o favor, deixe-me em paz!
-
Eu não. Quem te deixou em paz foi sua avó...
-
...???
-
Ah! Espera! Eu disse o contrário... Ela que descansa em paz...
-
Como assim? Não estou entendendo nada.
-
Quer saber? Sua avó morreu. Está bom. Falei. É isso...
-
E por que não disse antes? Quando isso aconteceu? Ai meu Deus...
-
Escuta aqui! Só me pediram pra falar que ela morreu. O resto é com você. Passar
bem, aliás, bom velório pra você! Argh!
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