Psicopata na Rede (parte 1)


Valquíria aproximou-se do espelho e deu o retoque final nos seus lábios coloridos com um batom vermelho. Como toda jovem vaidosa, conferiu seu figurino de todos os ângulos pra ver se realmente estava bem para a ocasião. Tinha um encontro marcado para aquela noite de sábado. Mesmo contrariando a vontade de sua família ela decidiu conhecer o rapaz com quem estava namorando virtualmente. Paulo aproximou-se dela, segurou em suas mãos e
disse:
__ Acho que deveria parar de buscar um namorado na internet. Até hoje você só se decepcionou e não passou do primeiro encontro. Eu tenho muito medo que um dia você caia nas mãos de um psicopata.
            __ Meu irmão, você está paranoico! Que mal pode me acontecer? O risco que eu corro é de não gostar do Armando assim ao vivo, pois como sabe, sou muito exigente. Você anda assistindo muito esses noticiários sangrentos. Eles exageram em tudo. Ah! Meu irmão querido, ele é que corre risco de perder a cabeça ao ver esse mulherão na sua frente.
            __ Tudo bem - sorriu. Já que nada vai demolir sua ideia, nada mais posso fazer. Saiba que eu te amo muito, minha linda.
            Ele a abraçou forte, desejou-lhe boa sorte, pediu que tivesse juízo. Paulo, de certa forma, a tratava com um amor paternal, por ser o mais velho. Valquíria lhe sorriu graciosa, beijou-lhe a face e pediu que ficasse tranquilo, pois voltaria logo.
            Ela entrou em seu carro e saiu em disparada. Ligou o som no último volume e desafinada tentava acompanhar a música que tocava naquele instante. Passou pelo centro da cidade, viu algumas amigas num bar que costumava frequentar, deu uma parada breve e disse que estava indo conhecer o Armando. As amigas um tanto animadas pelo álcool, deram boas gargalhadas e instigaram-na ainda mais para que ela fosse ao encontro do namorado virtual.
            Quando já estava bem próxima do local marcado parou novamente o carro, abriu a bolsa, tirou um lenço branco, passou sobre os lábios suavemente tirando o excesso de batom, depois pegou um pequeno frasco de perfume e borrifou em seu pescoço. Olhou num pequeno espelho que estava sobre a poltrona da frente, depois o guardou na bolsa. Acelerou novamente e saiu.
            De longe avistou um homem vestido elegantemente, andando de um lado para outro, em frente ao restaurante onde combinou o encontro. Parou o carro abruptamente ao seu lado e permaneceu de portas fechadas por alguns minutos até que ele se aproximasse. Ela saiu olhando fixamente pra ele que em seguida segurou em suas mãos.
            __ Sabrina?
            __ Fred?
            Ambos sorriram. Ela beijou delicadamente sua face. Depois pegou uma bala, desembrulhou-a suavemente, beijou-a levemente, colocando-a em seguida na boca do jovem rapaz que encabulado com o gesto sorriu sorrateiro.
            __ É pra dar sorte. Eu li numa revista pra adolescentes.
            Por um instante permaneceu calado, depois ele esfregou as mãos nos olhos e a convidou para entrarem no restaurante. Disse que estava com fome.
            Ela segurou em suas mãos que tremiam muito e caminhou em direção ao carro, já sentindo o corpo dele pender para um lado.
            __ Vamos dar uma volta primeiro meu amor. Você vai fazer uma viagem inesquecível.
            Quando retornou pra sua casa, Valquíria sorriu para todos e como uma criança indagou:
            __ Demorei?
            Disse a eles que tudo correu conforme esperava e que Armando era realmente um homem bonito e elegante, mas não era o tipo que ela queria, era apenas mais um homem sem cabeça. Em seguida foi para seu quarto, ligou o computador e entrou no bate papo.
            __ Oi. Meu nome é Paloma. E o seu?

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