Uma batida na porta seguida de um grito de socorro deixou todos à mesa do jantar em estado de alerta. Paulo olhou para a esposa e fez sinal para que levasse as duas crianças para o quarto. Antes que ele chegasse até a porta ouviu mais batidas e gritos de socorro. Ele pegou uma faca, abriu a porta e foi atropelado por uma mulher descabelada e seminua.
- Por favor, me ajude! Ele quer me matar.
Paulo fechou e trancou a porta. Virou-se para a mulher.
- Sente-se ali.
Ela estava tremendo, olhou para a porta e depois na direção que Paulo estava apontando: um sofá vermelho, bem puído, com algumas almofadas coloridas sobre ele.
Logo que ela se sentou, Inês apareceu na sala e aproximou-se dela.
- O que está acontecendo? - Perguntou. - Qual o seu nome?
Ela passou as mãos no rosto, pegou uma almofada e ficou segurando contra o peito.
- Tem um homem atrás de mim. Ele quis me... eu... consegui me soltar dele dando um chute em suas partes. E então corri até encontrar uma casa...
Paulo olhou para sua esposa. Depois caminhou em direção à janela e olhou pelo quintal. Não havia ninguém lá fora.
- O que podemos fazer por você? - Disse Inês.
- Eu quero ir para casa.
- Qual seu nome?
- Linda.
- Onde você mora? - Perguntou Paulo.
Antes que ela respondesse, Inês disse:
- Vou pegar um vestido para você. Acredito que vestimos o mesmo número.
Quando Inês retornou, indicou para Linda o banheiro e pediu que ela se trocasse.
- Nós vamos te levar para casa, mas antes você tem que dar queixa na delegacia.
Ela concordou abanando a cabeça e em seguida entrou no banheiro.
Alguém bateu na porta. Paulo e Inês assustaram-se. Permaneceram quietos por uns segundos.
- É a polícia - disse alguém lá fora.
Paulo abriu a porta. Havia dois policiais à sua frente.
- Entrem! Em que posso ajudar?
Eles cumprimentaram Inês e um deles tomou a palavra.
- Estamos procurando uma mulher. Suspeita de matar o marido agora há pouco.
Inês engoliu em seco, afastou-se um pouco e antes de trocar olhares com Paulo, olhou na direção do banheiro.
O policial percebeu o sinal e foi até lá.
- Abra a porta! - Disse ele.
Silêncio.
Bateu mais vezes, não obtendo resposta, deu um chute e a porta se escancarou batendo na parede. Não havia ninguém ali.
- Droga! Ela fugiu!
Saíram correndo e rodearam a casa. Não encontrando nada, foram embora.
Inês se jogou no sofá.
- O que foi isso hein?
- Que loucura! - disse Paulo sentando-se ao seu lado.
- Vou lá chamar as crianças para terminarmos de jantar.
Paulo se levantou também e seguiu em direção à mesa enquanto Inês seguiu para o quarto. Logo que ele se acomodou em sua cadeira, ouviu um grito apavorado de sua esposa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário